Já de início eu afirmo: Me decepcionei mais do que imaginei que me decepcionaria.
Vou comparar com O Corvo de 1994 sim, porque já que os produtores decidiram trazer a história de Eric Draven aceitem que a comparação é algo inevitável. Não vou fazer resumo da história, porque não acho cabível, pra isso que existe a sinopse. Lembrando que O Corvo é adaptado de uma HQ de mesmo nome, escrita por James O'Barr. Conheça esse exemplar altamente desejável (por mim heuhe) aqui.
Trailer
Vou comentar algumas coisas (principalmente desgostos) em ordem decrescente: Do que eu mais gostei para o que menos gostei (ou detestei e me deu vontade de derreter na poltrona do cinema só pra sumir dali mesmo). Contém Spoilers.
Personagem Principal
Eu cuidadosamente decidi não colocar Eric Draven, porque seria uma injustiça com o Bill Skarsgård que é um ótimo ator e fez um bom trabalho, principalmente depois de se tornar a entidade O Corvo. Muito foi falado sobre a estética desse personagem em comparação ao original, mas eu gostei de como ficou. Não vi muito motivo para o exagero de tatuagens (e meio ruins). Acho que nos últimos tempos essa caracterização se tornou muito comum para deixar o personagem mais foda, só que é desnecessário, principalmente nesse caso. Tem uma conexão entre umas duas ou três tatuagens dele com a história, de resto, tudo se resume a desenhos de cadeia. Uma coisa que ficou esquecida nessa nova versão é o certo grau de insanidade que o Eric Draven de 1994 tinha depois de se tornar o corvo. Ele era tipo um Joker gótico, e isso era demais. Deixava as cenas ainda mais marcantes.
O Limbo
Tem uma representação visualmente interessante o lugar para onde o Eric vai depois que morre. Uma espécie de lugar abandonado com estruturas se deteriorando, um lago de água escura e vários corvos circulando no céu. Nesse lugar ele encontra o personagem que tradicionalmente conhecemos como o mentor, que é aquele que vai instruir o protagonista de como ele deve agir e o que fazer. Essa cena é muito corrida e mal executada, ainda mais se formos analisar que os quarenta primeiros minutos do filme é só o desenvolvimento do romance do Eric com a Shelly (que falaremos mais adiante).
Cenas de Ação
Uma das coisas que eu mais gostei no trailer são as cenas de violência extrema. Acho coerente um ser que está buscando vingança agir com o máximo de hostilidade possível. Se formos pesar na balança, o filme de 2024 pode ser considerado mais violento que o de 1994 (na minha opinião) justamente por essa parte. O background do filme original é um pouco mais pesado (a morte deles é bem mais impactante na versão original), mas essa parte gráfica ficou bem intensa na nova versão. Tem duas cenas que me lembraram bastante Deadpool (sem o lado cômico e sarcástico, óbvio). Uma foi a cena do carro em movimento e a outra a cena do Teatro (que é o melhor momento do filme e tem um grau de mutilação enorme).
A Morte de Eric e Shelly
No icônico filme de 1994, a morte de Eric e Shelly acontece logo no início em uma cena de abertura maravilhosa, com a cidade em chamas durante a Devil's Night, a janela quebrada (de onde arremessaram Eric Draven), Shelly ainda viva sendo resgatada toda ensanguentada, policiais e sirenes por todos os lados, os policiais encontrando o convite de casamento deles que informa a data no dia seguinte. Tem até um diálogo bem legal dos policiais. Um deles pergunta: "Quem se casa no dia do Halloween?" e o outro responde: "Ninguém". Mortos não se casam, uma sacada de gênio. No filme de 2024 a morte deles acontece depois de toda a ladainha romântica e pobre de 40 minutos e é tão insignificante que não chega a ter nenhum impacto (e isso eu também li em resenhas por aí).
Uma coisa que eu achei um sacrilégio mudarem no filme novo: A criança recitando a explicação da maldição do corvo. No filme de 2024 quem faz essa explicação é o cara no limbo.
Os vilões
Que povinho mais sem graça. Não sei porquê decidiram mudar de "gangue que quer dominar a cidade" para "seres sobrenaturais que querem ceifar almas humanas em troca de mais tempo de vida na terra". Achei um saco, sem sentido, desnecessário e uma palhaçada. A morte deles foi tão qualquer coisa que nem deu satisfação no final.
O romance de Eric e Shelly
Foi torturante. Quarenta minutos desenvolvendo uma relação de dois seres problemáticos que se conhecem em um centro de reabilitação, fogem juntos com a maior facilidade do mundo, ficam vivendo uma vidinha romântica absurda e melosa e inverossímil, usando umas droguinhas e indo em baladas com amigos saídos da casa do caralho (desculpem, me exaltei aqui o.O). Achei bem lamentável e deprimente. Gerou zero conexão. Tanto que nem liguei pra morte deles. Estava desejando, na real, já que a história estava estagnada no desenvolvimento fraco do relacionamento desses dois.
Em conclusão: Levou 40 minutos só nessa ladainha, enquanto que no filme original em quinze minutos eles já tinham morrido, Eric já tinha saído do túmulo (literalmente, e isso é legal pra caramba) e já tinha se caracterizado com a estética maravilhosa que conhecemos e amamos.
Contemplem o único e imortalizado Eric Draven ♥ |
R.I.P Brandon Lee!
Não lembro se tinha algo mais que eu gostaria de falar sobre esse filme. Talvez, já que saí do cinema inconformada, levei uns 2 dias para querer começar a escrever essa postagem, desisti e fui assistir a versão de 1994, depois fiquei escutando Burn do The Cure que nem uma fanática.
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